A noite se desbrava com a estrela
solitária de um cigarro.
Meus passos não ecoam na calçada.
Apenas a minha mente é ampla e vazia o bastante.
Existe um calor à solta. E eu nem
sequer me importo mais em caçá-lo,
Em extingui-lo com uma chama
fria, com uma água morta.
Hoje é um dia de alegrias
vulgares,
De revoadas tristes.
Não sinto falta da cidade que se
alicerçou na minha pele e se entrançou nos cabelos.
A minha música ficou para trás, e
o silêncio já não soa estranho.
Não choro mais minha cincuncisão
da alma,
Minha circunscrição afoita.
Não choro mais o sangue dos
valentes, que se perderam nos meus olhos parvos.
Eu vejo a vida em lentes
embaçadas
E não me importa em nada.
Porque de um palácio de trinares
de ave,
Eu escolhi dançar entre os
morcegos.
Minhas mãos têm queimaduras do
outrora,
E a memória já se esconde aos
ventos.
Foi-se o apetite de engolir o
mundo, apenas o encaro em sua vitrine infecta.
Ontem havia uma floresta, hoje o
nada.
Não lamento.
Entrego ao nada um presente de
parelhas brancas
desencaixadas
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirJá havia dito outrora que deveria escrever mais poemas... Augusto dos Anjos inveja vossa visceralidade =p
ResponderExcluirEu havia respondido seu comment e não apareceu aqui :O
ExcluirObrigado pelo elogio, Marininha. Eu sei e você sabe, porém, que o Augusto era o mestre da visceralidade! Mas fico feliz que tenha lhe agradado, anyways!