quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Olhos fendidos e bigodes...

... E orelhas

Disclaimer: Bem, crianças, hoje farei um post bem curto, OK? Estou um tanto cansado de escrever (fiz isso um pouquinho considerável hoje), mas vou tentar manter minha disciplina. Além disso, acho que encher o blog de textos imensos pode ser uma boa forma de repelir leitores, e não é isso que eu quero. Uma imagem, e podemos passar para o tópico principal do post de hoje:


Pois é... Vamos falar sobre gatos. Enquanto eu escrevo este post (e, no processo, penso o quão gay esse post vai parecer), vou tentar falar um pouco sobre esses animais de estimação que, no Brasil, creio que tenham uma fanbase menor do que os cachorros.

Tenho me interessado muito por gatos ultimamente. Esse post, apesar de parecer, não é uma homenagem a Lia Guedes. Ou, apesar de não parecer, ele é uma homenagem a Lia Guedes. Escolha uma vertente e tome-a para si, OK? Mas, sendo ou não uma homenagem a Lia Guedes, é um fato concreto que o meu contato com gatos se estreitou depois de estreitar meu contato com a Crazy Cat Lady mais próxima de mim atualmente (afinal de contas, é a minha namorada, certo?).

Esses animais primariamente carnívoros têm uma psicologia muito complexa. Gatos têm muita variação de humor, e o mesmo animal que estava sem paciência e irritável (que chamaremos aqui de "Ideafix-Way-Of-Being-a-Cat" - Ideafix sendo o gato mais foda que eu já vi) pode, a qualquer momento, vir até você e te pedir carinho. O interessante é que a independência (de alguns) deles faz com que você saiba que é importante para o animal em questão, mas ainda assim conseguindo ter bastante tempo para pensar nas suas coisas, trabalhar e etc. É a melhor forma de interação entre um homem e um animal: Aquela na qual os dois sabem que se gostam, sem precisar ficar grudados o tempo todo. Se vocês pensarem na maioria dos relacionamentos por aí, (pelo menos com algumas das minhas ex - não fiquem magoadas) se algumas pessoas fossem menos caninas, e mais felinas, elas teriam relacionamentos mais saudáveis.

Além disso, gatos têm uma imponência que denota sabedoria (não que eu ache que eles podem ver coisas que nós não podemos, isso não faz sentido para mim), o que é bem admirável, e faz dos felinos animais de porte respeitável. A forma meticulosa e ágil com a qual os gatos se movem são capazes de fazer pessoas estabanadas como eu sentirem-se verdadeiras idiotas. Enfim, o post não é bem sobre isso.

O que eu queria realmente analisar é o fato de vários escritores serem declarados fãs de gatos. Neil Gaiman é assim, e li em algum lugar uma quote dele dizendo algo como "As pessoas deveriam prestar mais atenção no que os seus gatos tentam lhes dizer" ou algo assim (desculpe, Neil, eu tentei o Google). Além dele, Lourenço Mutarelli cria gatos; William Burroughs gostava tanto deles que fez um livro inteiro contando sobre sua relação com seus gatos ("The Cat Inside", ou "O Gato por Dentro", como foi traduzido no Brasil). Li que Mark Twain também era fã de gatos. E um de meus maiores ídolos literários, H.P. Lovecraft gostava tanto de gatos que criou uma cidade em suas Dreamlands na qual nenhum homem deve matar um gato, e na qual os gatos e os homens que entendem sua língua podem se comunicar. Dedicar uma importante cidade como Ulthar aos seus amigos felinos é uma declaração bem interessante.

Pois bem, um dos livros nos quais trabalho no momento tem como protagonista principal um terráqueo de um Universo Paralelo, no qual a humanidade evoluiu a partir de gatos. Por paranoias alimentadas por copyright, não serei eu a entrar em maiores detalhes da obra aqui, mas vale dizer que comecei esse livro antes de ter contato maior com essas criaturas vomitadoras de bola de pelo. Sempre gostei deles, sempre os admirei, apesar de agora ter realmente a vontade ativa de criá-los num futuro não tão distante. A pergunta principal desse post é: por que escritores gostam tanto de gatos?

Para somar à discussão, não acho que eu, Neil Gaiman, William Burroughs, Mark Twain e Lourenço Mutarelli tenhamos estilos de vida e de pensamento tão parecidos entre nós, que nos coloquem numa gaveta rotulada "Pessoas com psicológico próximo; Gostam de Gatos". Mark Twain adorava falar em público, e até ganhava dinheiro com algo muito similar a Stand-Up Comedy; Neil Gaiman viaja por todo o mundo, e parece ser um cara realmente amigável. É fato que esses dois são até bem parecidos, mas o que dizer de William Burroughs? Burroughs se alternava entre reclusão e experiência social e, embora colaborasse com vários artistas (em várias formas de arte, inclusive na montagem de um musical com Tom Waits), não era, ao que parece, um cara muito saído. Era controversamente introspectivo e recluso, e extrapolava isso em tempos de loucura e uso máximo de drogas pesadas. Lourenço Mutarelli, por outro lado é um cara bem recluso (pelo menos, segundo ele mesmo), que já passou por muitas coisas estranhas na vida e, hoje em dia, prefere ficar em casa trabalhando e curtindo a família. E os gatos.

Eu vivo muito bem sem vida norturna, mas não vivo nada bem sem meus amigos. Odeio sair, chegar tarde em casa, definitivamente não gosto de multidões (a não ser em shows, e, ainda assim, apenas de bandas que me atraem), e tenho um pouco de medo de cidades grandes. Dos previamente citados, acho que apenas eu e Mark Twain temos predileção forte pela ciência. Não que os outros citados não tenham, mas Mark Twain era idólatra de Nikola Tesla (aliás, quem não é?), e eu tento fazer ciência no laboratório (e também corto o dedo). Enfim... Gostaria de entender o motivo, provavelmente não baseado em comportamento, que faz com que os escritores e os gatos domésticos sejam próximos. Pelo menos os escritores que eu admiro. E eu mesmo.

Enfim, esse post ficou maior do que eu gostaria, e eu demorei mais para escrevê-lo do que eu gostaria. Talvez ele seja um erro, e talvez eu me arrependa muito quando eu estiver lendo isso tudo de novo. Talvez tenha um gato do meu lado, felinando como se não houvesse amanhã, provavelmente deitado olhando para o nada, e pensando em sabe-lá-o-que... Mas é que outro dia me peguei pensando nisso, e resolvi escrever a respeito. Talvez eu mesmo tenha me impressionado por isso, e tenha começado meu gosto por gatos depois de saber que o Gaiman gosta deles. Mas eu sinceramente acho que não, porque se eu fosse "groupie" desse jeito, eu teria de... Sei lá... Parar de beber porque o Lovecraft não bebia.

O fato é que é uma pergunta boba, e provavelmente pode-se encontrar qualquer padrão em qualquer tipo de gente. Mas foda-se. O que importa é que eu terminei esse post.

2 comentários:

  1. O que falar das pessoas a quem faltam os talentos literários - como eu - serem crazy cat ladies? :P
    Uma outra relação que vejo é entre gatos e dançarinas, sobretudo de dança do ventre. Seria a ligação do Egito, com a adoração que os faraós tinham por essas criaturinhas? Inspiração para os movimentos? Coincidência? "Não sei, só sei que foi assim".

    Assim como há um estudo que tenta explicar a relação entre humanos e animais [referência abaixo], talvez algum psicólogo tenha a curiosidade de explicar essas relações. Quem sabe um dia.

    O estudo:
    Wedl et al. Factors influencing the temporal patterns of dyadic behaviours and interactions between domestic cats and their owners. Behavioural Processes, vol. 86, págs. 58-67. 2011.

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  2. Sem dúvida, minha visão de relacionamentos é felina. Simplesmente adorei esta analogia, apesar de não gostar tanto assim de gatos. =) Aliás, só isso já vale todo o texto. Mas vou acrescentar um detalhe, os gatos dos vizinhos aqui no telhado de casa... um relacionamento felino tem tudo para dar certo, é isso.

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