terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Poluição Quântica

Disclaimer: Estou postando com um dia de adiantamento porque há eras esse post está na minha cabeça, mas ainda não tinha pensado em como dar forma a ele. Junte uma espera forçada e um pouco de "Silver Mt. Zion" na cabeça, e temos um post. Vamos a ele:

Em "Ecologia Microbiana", uma matéria de minha graduação, fui apresentado ao seguinte conceito de Poluição: Qualquer alteração ou distúrbio no equilíbrio de um sistema ecológico. Isso foi uma paráfrase safada do conceito que nos foi realmente passado, mas equivaleria a dizer que qualquer alteração, por mais ínfima que seja, em um sistema ecológico, como pisar em uma poça de lama e depois na grama, carreando nutrientes e organismos de um ponto para o outro, já poderia ser chamado, de certa forma, de poluição, mesmo que ela seja autolimitada (ambos os sistemas têm, a mais ou menos curto prazo, a capacidade de retornar ao equilíbrio).

Aviso que, neste ponto, começa a viagem real do post. Convido-os a escutar "Silver Mt. Zion" também. Ou Pink Floyd, ou o que quer que lhe ajude a ficar confortável e seguir um fluxo esquizóide de raciocínio que, provavelmente, não fará muito sentido.

O estudo da Física Quântica ou Física de Partículas nos traz a teoria de que todo observador pode, e involuntariamente exerce uma influência no ponto ou fenômeno observado. Existem várias tentativas de explicar matematicamente o fenômeno, e alguns experimentos já chegaram a dar certo. Eu mesmo não entendi muito bem o princípio de boa parte daqueles sobre os quais eu li, mas pensem comigo... Se, ao observar algo, alteramos parte da natureza subatômica dessa alguma coisa, causando o que pode ser interpretado como desequilíbrio, ou alteração do "estado pré-observação" dessa partícula, não seria o próprio ato de observar um tipo diferente, reduzido e imprevisível de poluição?

Eu lembro-me de ter passeado com minha família uma vez, no aniversário do meu pai, para um parque ecológico em Jardim dos Pinhais e, uma vez lá, minha compulsão era a de não apenas olhar atentamente cada detalhe, mas fotografar plantas, pegadas, animais, pedras e todo o tipo de coisas. A minha pergunta principal é: O quanto será que olhar e, talvez ainda pior, fotografar uma paisagem classifica-se como uma forma sutil de poluição?

De uma forma bem menos abstrata, fotografias com flash claramente introduzem uma alteração luminosa visível que pode interferir com compostos químicos e, talvez, até mesmo com a expressão gênica de micro-organismos. Isso poderia ser, em uma dose-minuto, considerado sim uma alteração, talvez até mesmo nociva ao equilíbrio do sistema fotografado. Mas e se mesmo a simples captação da luz por um sistema óptico (sendo esse um olho animal ou uma câmera), sugando os rejeitos luminosos dos sistemas que refletem e absorvem espectros seletivamente? Será que mesmo sem introduzir um indesejável facho de luz a uma paisagem, estamos poluindo-na?

Eu realmente gostaria dessas respostas. Aliás, eu realmente gostaria de discutir isso, uma vez que nunca teremos a resposta definitiva para questões como essa (bem como o próprio Efeito Observador e o Princípio da Incerteza de um cara de nome estranho Heisenberg nos dizem que nunca teremos a resposta definitiva para nada). Gostaria de companhia para especular se somos, a partir do momento em que começamos a existir, grandes poluidores de sistemas, alterando a natureza de todas as coisas com nossos cinco perversos sentidos. E não apenas nós, como qualquer animal senciente e, talvez, até mesmo seres vivos que não descobrirmos ser sencientes ainda. Afinal de contas, quase qualquer coisa pode se eleger como "observador".

Me ajudem nessa questão. Seria muito bom que as pessoas comentassem aqui embaixo. Espero ter sido claro quanto à pergunta, e espero que me ajudem a prospectar por uma resposta, e espero que pensem nisso diariamente, especulando silenciosamente junto comigo quanto à natureza de nossos atos, e quanto à possibilidade de sermos grandes destruidores de partículas que sequer chegamos a conhecer ou compreender.

2 comentários:

  1. Partindo do conceito de entropia, o universo tende cada vez mais ao caos. A própria vida é uma luta constante contra a desordem dos átomos. Somos, por sua definição, uma alteração do equilíbrio do sistema em que vivemos. Uma poluição. Mas essa nova alteração, foi ajustada e um novo equilíbrio foi alcançado (O universo lutando pela desordem, e a vida se tornando cada vez mais complexa). Cada nova alteração, é pesada na balança, sendo descartada ou igualada no outro lado. Indo além da sua pergunta. Só o fato de você estar naquele lugar, respirando, agitando as moléculas a seu redor, uma alteração, uma poluição. Somos poluidores pela sua definição, mas poluição (sensu lato) não significa sempre algo ruim.

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  2. Concordo completamente com o senhor. Só queria lançar a pergunta filosófica mesmo. Num contexto amplo, nunca existe equilíbrio, tudo está em constante mudança, desequilíbrios, tentativas de voltar ao equilíbrio e outros desequilíbrios... Tudo acontecendo sequencialmente , vários eventos desses criando um falso-equilíbrio, ou um equilíbrio aparente. E, sim, sendo poluição uma mera alteração, poluição não é, por definição, algo ruim.

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